Na mostra “Rua, Cidade e Intuito”, exibida em Curitiba, no Museu Municipal de Arte (MuMA), como parte da Exposição Arquitetura para Curitiba 2017, lançamos um novo olhar sobre a região central da cidade de Curitiba. Este trabalho foi o resultado de seis meses de projeto do nosso escritório, auxiliados por uma equipe de alunos das universidades locais, UFPR e UTFPR.
O conjunto de ruas e calçadas constitui boa parte do espaço público de uma cidade. Os passeios são, por natureza, os marcos divisórios entre os espaços individuais e coletivos. De certa forma são o primeiro ponto de contato do cidadão com a cidade e são o meio de acesso aos serviços e a vida citadina. Podem ser utilizados para convidar as pessoas não só para caminhar, mas também para participar da vida urbana. Convites a sentar, observar, exercitar-se, brincar, interagir e se expressar. Entendendo isto, propomos uma série de intervenções, tanto de caráter físico quanto regulativo, no território estudado e na legislação incidente na área, propostas a partir de um extenso diagnóstico que resultou na estipulação de novas Diretrizes Urbanísticas para a região e na formulação de Estratégias para alcançá-las. Dentre os pontos elencados na fase de diagnóstico, vale ressaltar a existência de ruas que, em sua maioria, são pouco atrativas e de pouca qualidade espacial, com pouquíssimo espaço para o pedestre. A partir destas análises nossa equipe traçou uma nova visão de futuro para a área estudada, através de diretrizes como a qualificação das vias públicas, incentivo ao uso do transporte público, combate à especulação imobiliária, cumprimento das funções sociais da cidade e da propriedade, incentivo à diversidade de renda e à redução do déficit habitacional, estímulo à diversidade de usos, diminuição do impacto ambiental e finalmente, a valorização da identidade da cidade – um dos maiores legados curitibanos.
Este trabalho, mais do que um exercício de projeto, é uma busca inquietante à percepção da cidade como lugar e dos códigos socioculturais, físico-espaciais, econômicos e legislativos que a determinam como interface resolutiva no dia-a-dia, no devir e na morfologia, não só de Curitiba, mas das cidades em geral.
Por fim, o trabalho culminou na proposta de requalificação de uma das vias mais importantes da cidade, a Avenida Sete de Setembro. A avenida se assemelharia a um calçadão de pedestres, com passagem de veículos apenas para o acesso aos lotes e travessia em nível para os transeuntes, as faixas destinadas ao ônibus expresso (BRT) seriam segregadas por canteiros para vegetação que, ao mesmo tempo em que propiciam espaço para a implantação de arborização, protegem o pedestre, indicando lugares propícios para sua travessia. Novos equipamentos e mobiliário urbanos seriam instalados (bancos, floreiras, quiosques, paraciclos, bicicletas de aluguel, e outros) a fim de dar novos usos à avenida e aumentar sua vitalidade. Outro ponto seria o aumento da eficiência do sistema de transporte devido à implantação de semáforos inteligentes com sensores para a detecção da proximidade dos ônibus, evitando assim que estes tenham que parar nos cruzamentos.